terça-feira, 4 de agosto de 2009

Nova metodologia para solucionar crimes complexos




Investigadores de Coimbra desenvolvem ferramenta para apoiar Ciências Forenses e Criminais

Uma metodologia inovadora a nível internacional de detecção, revelação e conservação de impressões digitais em materiais metálicos, para auxiliar a desvendar os crimes mais complexos, foi desenvolvida por uma equipa de investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), com a colaboração do Núcleo de Polícia Técnica da Directoria do Centro da Polícia Judiciária.
Denominada «Revelação de Impressões Digitais» através da «Deposição de Filmes Finos», a investigação, realizada no Centro de Engenharia Mecânica da Universidade de Coimbra (CEMUC), utiliza uma técnica de que possui uma longa experiência (25 anos) para diversas aplicações a pulverização catódica.
Neste caso, para a revelação de impressões digitais latentes (invisíveis), produzindo, para tal, filmes finos de cobre e de ouro (espessura de 20 a 30 nanómetros) e apresenta resultados muito promissores, concretamente, na revelação de impressões não recentes (“não frescas”) e na conservação das impressões reveladas que não se adulteram ao longo do tempo.
Uma das principais vantagens da utilização desta metodologia agora conseguida, destaca a coordenadora da equipa de trabalho, Sofia Ramos, " é que se trata de um método completamente limpo, quer a nível ambiental quer para a saúde dos investigadores criminais, ao contrário das actuais técnicas utilizadas para a detecção e revelação de impressões digitais, como por exemplo, o método dos pós”.
Ao mesmo tempo, prossegue Sofia Ramos, “permite que as amostras reveladas possam funcionar como base de dados porque o revestimento de filmes finos serve de capa protectora, impedindo a deterioração das impressões e fixando possíveis vestígios para análises posteriores, isto é, prendendo partículas reveladoras (drogas, explosivos), que possam ter sido usadas pelo criminoso, permitindo traçar melhor o seu perfil”.

Unidade especializada

Dirigido essencialmente para a solução de crimes complexos, que exigem métodos mais expeditos do que os actuais, o potencial de aplicação do novo método baseado na pulverização catódica, uma técnica versátil e flexível de deposição física em fase de vapor, foi já reconhecido por elementos do Laboratório de Polícia Científica (LPC) da Policia Judiciária.
Com os resultados promissores obtidos, o CEMUC vai prosseguir com a investigação nesta área do conhecimento, estando já em marcha a criação de uma Unidade de investigação especializada para apoio às Ciências Forenses e Criminais.
De acordo com Teresa Vieira, coordenadora do Grupo de Nanomateriais e microfabricação do CEMUC “a Ciência de Materiais pode ser muito útil à investigação criminal. A expansão das nanotecnologias terá, num futuro próximo, um forte impacto nas ciências forenses, exigindo a procura de novos métodos de detecção e identificação de vestígios”.
No entanto, alerta a investigadora, “a implementação de métodos baseados nos nanomateriais/nanotecnologias para a resolução de crimes comporta diversos riscos, invisíveis, para a saúde humana. A exposição continuada a nanopartículas como já actualmente na revelação de impressões digitais, dependente do tipo de partículas pode provocar lesões nos rins, enfarte do miocárdio e outros danos".
É também aí que há necessidade de "integrar nas normas de segurança cuidados a ter com o manuseamento destes materiais invisíveis para a maior parte dos filtros disponíveis. Neste contexto é extremamente importante para além de contribuir com a investigação para solucionar este problema, alertar/sensibilizar os agentes forenses para os vários riscos associados ao manuseamento com este tipo de partículas”, concluiu.

Fonte: Ciência Hoje 05/08/2009

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