sábado, 4 de julho de 2009

ÁLCOOL- prazer ou desprazer?


A convivência com adolescentes, nos permite comprovar o que os noticiários vem trazendo há algum tempo. Me refiro ao aumento no consumo de álcool. De todas as drogas lícitas, O álcool é uma das que tem seu consumo incentivado pela sociedade. Esse é um dos motivos pelo qual ele é encarado de forma diferenciada, quando comparado com as demais drogas ( rebite ou bolinha,guaraná em pó, barbitúricos, entre outros). Apesar de sua ampla aceitação social, o consumo de bebidas alcoólicas, quando excessivo, passa a ser um problema. Além dos inúmeros acidentes de trânsito e da violência associada a episódios de embriaguez, o consumo de álcool a longo prazo, dependendo da dose, frequência e circunstâncias, pode provocar um quadro de dependência conhecido como alcoolismo. Parece que nossos jovens não se dão conta disso! De acordo com Organização Mundial de Saúde, o mercado das drogas permitidas,tem aumentado, sendo as mais consumidas e as que mais resultam em fatalidades diárias.Permitidas por Lei, criam nos indivíduos falsas necessidades, alterando o organismo, fisica e psiquicamente.
Entre as alterações mais comuns, podemos citar: ataque cardíaco, doenças respiratórias, enfisema, câncer, impotência sexual, alterações na memória, perda do autocontrole, gota, rompimento das veias, danos no fígado, rins e estômago, cirrose hepática, úlceras, gastrites, irritabilidade, dor de cabeça, insônia, ansiedade, agitação e outros.
Ao mesmo tempo que apresenta ação estimulante, o álcool pode também apresentar ação depressora. Após a imediata ingestão de álcool, podem aparecer os efeitos estimulantes como euforia, desinibição, porém, após certo tempo de consumo, começam a aparecer os efeitos depressores como falta de coordenação motora, descontrole e sono. Quando o consumo é muito exagerado, o efeito depressor fica exacerbado, podendo até mesmo provocar o estado de coma. Tais efeitos variam de pessoa para pessoa, pois alguns organismos podem apresentar dificuldades em metabolizar o álcool.
E mesmo que, enquanto professores, ensinemos a nossos alunos,que o álcool presente nas bebidas, trata-se do etanol, cuja fórmula está representada abaixo, mesmo que alertemos sobre as reações químicas que ele proporciona, os males que ele causa...mesmo assim, nossas palavras parecem jogadas ao vento...



...ainda assim, vou continuar insistindo...por isso estou postando um pouquinho mais sobre o álcool, na esperança que entre os leitores estejam alguns alunos meus....e que reflitam sobre as informações aqui presentes.
Então...... este álcool de que falo, é também conhecido por álcool etílico e na linguagem popular, simplesmente álcool. É uma substância obtida da fermentação de açúcares, encontrado em bebidas como cerveja, vinho e aguardente. Ele é miscível em água e em outros compostos orgânicos. Seu ponto de fusão é em -114,1°C e seu ponto de ebulição é em 78,5°C. Sendo o mais comum dos álcoois, têm grupos hidroxilo (OH) ligados a átomos de carbono (C.) Podem ser vistos como derivados orgânicos da água em que um dos hidrogênios foi substituído por um grupo orgânico.
Na Antiguidade, a produção de álcool se restringia à fermentação natural ou espontânea de alguns produtos vegetais, como açúcares. A expanção ocorre, a partir da descoberta da destilação – procedimento que se deve aos árabes. Mais tarde, já no século XIX, fenômenos como a industrialização expandem ainda mais este mercado, que alcança um protagonismo definitivo, ao mesmo ritmo em que se vai desenvolvendo a sociedade de consumo no século XX. O seu uso é vasto: em bebidas alcoólicas, na indústria farmacêutica, como solvente químico, como combustível ou ainda com antídoto.
Fisiologicamente, o álcool altera o equilíbrio químico no cérebro. Ele afeta substâncias químicas no sistema nervoso central, como a dopamina. O corpo eventualmente anseia pelo álcool para restaurar sentimentos de prazer e evitar sentimentos negativos. Pessoas que já sofrem de muito estresse ou problemas psicológicos, como baixa auto-estima e depressão, apresentam maior risco de desenvolver alcoolismo.
Quando uma pessoa bebe, cerca de 20% do álcool é absorvido pelo seu estômago; os outros 80% são absorvidos pelo seu intestino delgado. A velocidade com que o álcool é absorvido depende da concentração de álcool na bebida. A vodca, por exemplo, será absorvida mais depressa do que a cerveja, porque nela a concentração é maior. Depois de uma farta refeição, o álcool é absorvido mais lentamente. Após o álcool ter sido absorvido, ele entra em sua corrente sanguínea e percorre seu corpo. Enquanto o álcool age, o corpo vai simultaneamente trabalhando para removê-lo. Os rins e os pulmões removem cerca de 10% através da urina e da respiração - é por isso que o teste do bafômetro pode ser utilizado para medir o nível de álcool no sangue. O fígado transforma o resto do álcool em ácido acético.
Sendo assim, após alguns drinques, os efeitos físicos do álcool tornam-se aparentes. Como citado anteriormente, os efeitos do álcool estão relacionados à sua concentração no sangue, que aumenta quando o corpo recebe mais álcool do que pode eliminar. Não se pode evitar que após algumas doses a mais, o álcool “suba à cabeça”, como se costuma dizer. Mas se os efeitos inebriantes dessa ingestão são muito conhecidos, o mesmo não ocorre com sua atuação na atividade cerebral.
Sabe-se que o álcool altera a comunicação entre neurônios. “Há muito interesse em descobrir como o álcool atua no cérebro. Uma das diversas hipóteses é que o álcool funciona ao interagir diretamente com proteínas de canais iônicos, mas não havia estudos que identificassem o local dessa associação”, segundo os estudos de Slesinger.
Slesinger, através da sua pesquisa demonstra que o álcool interage diretamente com um local específico localizado dentro de um canal iônico, que tem papel fundamental em diversas funções cerebrais associadas com eventos epiléticos e com o abuso de álcool e drogas.
Os canais, chamados de canais Girk, são abertos durante períodos de comunicação química entre neurônios e amortecem o sinal entre eles, criando o equivalente a um curto-circuito.
Quando os Girks se abrem em resposta à ativação neurotransmissora, íons de potássio são liberados pelo neurônio, diminuindo a atividade neuronal. O estudo é o primeiro a identificar que o álcool estimula os canais Girk diretamente, e não por meio do resultado de outras alterações moleculares nas células.
“Achamos que o álcool sequestra o mecanismo de ativação intrínseca dos Girk e estabiliza a abertura dos canais. O álcool pode fazer isso por meio da lubrificação das engrenagens de ativação dos canais”, aponta Slesinger.
“Se pudermos encontrar uma droga que se encaixe no ponto específico de atuação do álcool e ative os canais Girk, talvez possamos diminuir a excitabilidade neuronal no cérebro, o que resultaria em uma nova estratégia para o tratamento da epilepsia”, disse o pesquisador.
O artigo A discrete alcohol pocket involved in Girk channel activation, de Paul Slesinger e outros, pode ser encontrado na Nature Neuroscience em www.nature.com/neuro.
O consumo excessivo de álcool é a principal causa da pancreatite crónica. Contudo, os mecanismos pelos quais o etanol a causa ou sensibiliza o pâncreas para ser alvo de dano por outros factores não são conhecidos.
O álcool etílico consegue ainda perturbar os numerosos processos regulatórios que permitem aos rins funcionarem de forma normal – altera a estrutura e a função renal, assim como anula a sua capacidade em manter a composição de fluidos e electrólitos no corpo.
O etanol pode, em parte, contribuir para a supressão da actividade reprodutora dos machos, por atrofia testicular, disfunção dos órgãos reprodutores acessórios, supressão da espermatogénese e infertilidade.
Pode também ter influência directa no crescimento e desenvolvimento da criança – a criança pode nascer com Síndrome Fetal Alcoólica (FAS). O etanol é uma droga capaz de originar tolerância e um alto grau de dependência, tanto física como psicológica.
Para minimizar tal situação, a legislação brasileira (Código Nacional de Trânsito, que passou a vigorar em Janeiro de 1998),penaliza todo o motorista que apresentar mais de 0,6 gramas de álcool por litro de sangue. A quantidade de álcool necessária para atingir essa concentração no sangue é equivalente a beber cerca de 600ml de cerveja (duas latas de cerveja ou três copos de chope), 200ml de vinho (duas taças) ou 80ml de destilados (duas doses).
Beber muito freqüentemente pode causar danos permanentes, como redução no tamanho do cérebro e deficiência nas fibras que transportam informações entre as células cerebrais.
Muitos alcoólatras desenvolvem uma doença chamada Síndrome de Wernicke-Korsakoff, que é causada por uma deficiência de tiamina (uma vitamina do complexo B). Essa deficiência ocorre porque o álcool interfere na forma como o corpo absorve as vitaminas B. Pessoas com Síndrome de Wernicke-Korsakof apresentam confusão mental e falta de coordenação e ainda podem ter problemas de memória e aprendizado.
O corpo responde ao contínuo consumo de álcool tornando-se dependente dele. Essa dependência, a longo prazo, causa alterações nas reações químicas do cérebro. Ele se acomoda à presença regular de álcool, alterando a produção de neurotransmissores. Quando o indivíduo pára ou reduz drasticamente a bebida, cerca de 24 a 72 horas depois, o cérebro começa a sentir os efeitos da abstinência ao tentar reajustar sua química. Os sintomas de abstinência incluem desorientação, alucinações, delírios, náuseas, suores e convulsões.

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